Tenho percebido que o público não sabe que existem
duas modalidades, ou vertentes técnicas, para a execução de exercícios com
kettlebell, o Hard Style e o Girevoy Sport .
A
técnica Girevoy, objeto do livro do Cotter, que auxiliei na tradução, tem por finalidade o
esporte do kettlebell, qual seja, realizar o que se denomina no jargão
esportivo como “longos ciclos”. Entenda-se por longos ciclos a execução
ininterrupta de um determinado movimento (no Girevoy a preferência é pelo Jerk)
por, no mínimo, dez minutos. Levantar o kettlebell pelo maior número de vezes
em um tempo fixo ou o maior número de vezes com tempo livre.
Ora,
se o objetivo da técnica é permitir ao atleta executar um movimento pelo maior
intervalo de tempo possível, é claro que esta técnica visa “poupar” o
praticante, pelo menos, no tocante à energia dispendida. Disto decorre que a
técnica empregada no Girevoy é mais “relaxada”, por assim dizer, e o atleta
executa artifícios técnicos visando aumentar o tempo de vôo e a trajetória do
kettlebell de maneira a dissipar mais a energia cinética no processo.
Contrariamente
o Hard Style se baseia no conceito de
bracing, ou, como foi traduzido para
o português, de “super-rigidez”. Bracing refere-se
à ação dos músculos do core para
realizar a estabilização do tronco durante a execução dos exercícios. No hard
Style não se utiliza de recursos físicos para dissipar a energia cinética da
bola, ao contrário, a técnica objetiva a máxima dissipação de energia nos
músculos e na fáscia toraco-lombar sendo esta característica a responsável
pelas adaptações anatômicas e fisiológicas únicas do kettlebell.
As
diferenças não param aí. O Hard Style é praticado descalço, sem cinto, sem
munhequeiras ao passo que no Girevoy utiliza-se de calçados especiais, cinto de
segurança e munhequeira acessórios que são de fato necessários dado o longo
tempo de execução. Isto sem falar que o implemento em si é diferente. Enquanto
que no hard style utiliza-se de
kettlebells de ferro fundido, no Girevoy
o kettlebell é oco e possui a mesma geometria, independentemente do peso, o que
varia é a espessura da parede da bola.
O
Hard Style visa desenvolver potência, força ou resistência anaeróbia lática
além de outras valências tais como coordenação, timming e força de pegada.
Resumindo,
o Hard Style é voltado ao condicionamento físico; ao desenvolvimento atlético e
também pode ser utilizado em um contexto de reabilitação neuromuscular como
ferramenta terapêutica nas disfunções da escápula e do quadril (lombalgias).
Atletas
das artes marciais, do golfe, tênis, basquete, vôlei, enfim, qualquer
modalidade esportiva que requeira a ação dos músculos do core para transferir potência dos membros inferiores para os
superiores com alta demanda se beneficiam da modalidade Hard Style.
A título de ilustração, convido-os a assistir os vídeos elencados nos links abaixo onde as diferenças entre os estilos são flagrantes.
Girevoy:
Hard Style:
A